Um recado que a Eliane, prima de Resende Costa, deixou no orkut hoje me fez pensar mais sobre os meus bisavós (pais do vô Anésio). Duas lembranças são muito fortes em relação à Vó Cila, quando íamos vistá-la na casinha ao lado da igreja do Rosário. Uma delas é o louro que gritava o tempo todo no quintal e que era o ponto importante da visita para nós. A outra é a cama cheia de bonecas de pano. Eu sempre fiquei encantada com aquelas bonecas. Tenho duas delas guardadas, são as minhas bruxas (era assim que minha tia Solange chamava todas as minhas bonecas). Assim que puder vou fotografá-las e postar aqui.Meu bisavô eu não conheci, mas ele é que nos identifica em Resende Costa. Aprendi desde cedo a resposta que deveria dar quando alguém perguntasse quem eu era: Neta do Anésio do Pedro Olímpio. Pedro Olímpio acabou virando meio que sobrenome, já que em Resende Costa quase todo mundo é Resende. Vô Anésio era meu padrinho de batismo. Ele era enorme e eu ficava encantada quando se sentava comigo na porta da copa pra brincar de fazer café nas panelinhas que ele mesmo me deu. Ele saía aos domingos para caçar passarinho e eu achava isso lindo! Naquela época eu ainda não tinha consciência de que isso é um crime ambiental. Ele voltava pra casa cheio de pintassilgos, chapinhas e bicos-de-lacre. Uma vez ele me deu um canarinho chapinha, na verdade uma canarinha, que eu trouxe para casa e que cantava muito. Quando meu avó morreu eu sentia como se ela fosse um pedacinho dele ainda vivo. Aliás, a morte dele foi outra passagem marcante pra mim. Quando ele voltou pra Resende Costa, já desenganado pelos médicos, fomos todos pra lá. Era dezembro, eu tinha 9 anos e não me lembro do Natal deste ano. Me lembro do casamento do Tio Narciso, no finalzinho de dezembro, quando meu avó já estava muito doente. Tem uma foto que eu detesto desse dia: meu avó na cama, meus tios vestidos de noivos e eu de dama sentados na cama e minha vó de pé ao lado dela. Lembro que passávamos o dia brincando no porão da casa da tia Inês, para não incomodar o vovô e foi lá que, no dia 08 de janeiro de 1989, recebemos a notícia da sua morte. Estava com vontade de chorar, mas tinha vergonha. Havia uma bicicleta apoiada em não sei o quê e virada para a parede. Subi na bicicleta e comecei a pedalar sem parar. Eu chorava virada pra parede e pedalava como se quisesse sumir dali. E acho que era isso mesmo que eu queria naquele momento.
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
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Um recado que a Eliane, prima de Resende Costa, deixou no Orkut me fez pensar mais sobre os meus bisavós (pais do vô Anésio). Duas lembranças são muito fortes em relação à Vó Cila, quando íamos vistá-la na casinha ao lado da igreja do Rosário. Uma delas é o louro que gritava o tempo todo no quintal e que era o ponto importante da visita para nós. A outra é a cama cheia de bonecas de pano. Eu sempre fiquei encantada com aquelas bonecas. Tenho duas delas guardadas, são as minhas bruxas (era assim que minha tia Solange chamava todas as minhas bonecas). Assim que puder vou fotografá-las e postar aqui.Meu bisavô eu não conheci, mas ele é que nos identifica em Resende Costa. Aprendi desde cedo a resposta que deveria dar quando alguém perguntasse quem eu era: Neta do Anésio do Pedro Olímpio. Pedro Olímpio acabou virando meio que sobrenome, já que em Resende Costa quase todo mundo é Resende. Vô Anésio era meu padrinho de batismo. Ele era enorme e eu ficava encantada quando se sentava comigo na porta da copa pra brincar de fazer café nas panelinhas que ele mesmo me deu. Ele saía aos domingos para caçar passarinho e eu achava isso lindo! Naquela época eu ainda não tinha consciência de que isso é um crime ambiental. Ele voltava pra casa cheio de pintassilgos, chapinhas e bicos-de-lacre. Uma vez ele me deu um canarinho chapinha, na verdade uma canarinha, que eu trouxe para casa e que cantava muito. Quando meu avó morreu eu sentia como se ela fosse um pedacinho dele ainda vivo. Aliás, a morte dele foi outra passagem marcante pra mim. Quando ele voltou pra Resende Costa, já desenganado pelos médicos, fomos todos pra lá. Era dezembro, eu tinha 9 anos e não me lembro do Natal deste ano. Me lembro do casamento do Tio Narciso, no finalzinho de dezembro, quando meu avó já estava muito doente. Tem uma foto que eu detesto desse dia: meu avó na cama, meus tios vestidos de noivos e eu de dama sentados na cama e minha vó de pé ao lado dela. Lembro que passávamos o dia brincando no porão da casa da tia Inês, para não incomodar o vovô e foi lá que, no dia 08 de janeiro de 1989, recebemos a notícia da sua morte. Estava com vontade de chorar, mas tinha vergonha. Havia uma bicicleta apoiada em não sei o quê e virada para a parede. Subi na bicicleta e comecei a pedalar sem parar. Eu chorava virada pra parede e pedalava como se quisesse sumir dali. E acho que era isso mesmo que eu queria naquele momento.
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